Sonoterapia, orações e tarefas domésticas: veja como era a rotina de pacientes em casa de recuperação que pegou fogo no DF

  • 03/09/2025
(Foto: Reprodução)
DF: 5 pessoas morrem em incêndio em clínica irregular de recuperação de dependentes Com mensalidades que variam entre R$ 600 e R$ 1300, pacientes do Instituto Terapêutico Liberta-se, no Distrito Federal, seguiam uma rotina rígida de hábitos e de tarefas domésticas no espaço. Em dois dias, uma das unidades do instituto sofreu um incêndio que deixou cinco pessoas mortas e outra foi interditada após irregularidades apontadas pelo DF Legal. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Após os casos, autoridades do DF investigam as condições do estabelecimento. Ao g1, internos, ex-internos e seus familiares relatam como era a rotina no lugar. Polícia não descarta a possibilidade de incêndio criminoso na clínica de recuperação de dependentes químicos no Paranoá Tratamento contratado pela família O "tratamento" no Instituto Terapêutico Liberta-se era contratado pela família do dependente químico, geralmente contra a vontade do próprio paciente. Os custos variavam entre R$ 600 e R$ 1300 ao mês. O instituto também oferecia o tratamento sem custos – neste caso, o paciente deveria cumprir com obrigações dentro do espaço, prestando serviços extras para "custear" as despesas da sua "internação". De acordo com familiares ouvidos pela reportagem, o contrato tinha duração média de seis meses e com a promessa de atendimentos médicos e acompanhamento psicológico. Após a contratação, o paciente era levado para a casa de acolhimento, onde passava por algumas etapas antes de ser integrado à rotina do espaço. Sonoterapia e rotina regrada Nos cinco primeiros dias, o interno passava pela "desintoxicação", tempo destinado à observação dos efeitos da abstinência. Após esse período, o interno passava a ser inserido na rotina do espaço. A rotina dos pacientes tinha início por volta das 7h, quando eram acordados e deveriam levantar. Ainda cedo, tomavam café da manhã e participavam de uma reunião com terapeutas, pastores e tinham debates relacionados à dependência química. Após essa reunião, eles tinham a chamada "laborterapia", período destinado para atividades domésticas no local. Entre as tarefas: Lavar roupas Preparar as refeições Manutenção do espaço Cuidar do jardim do instituto Reparos na casa De acordo com um ex-paciente ouvido pelo g1, as refeições eram preparadas por internos "veteranos", que estavam no instituto há mais tempo e tinham a confiança dos responsáveis para operar utensílios da cozinha. Após a pausa do almoço, os internos passavam pela "sonoterapia", período que deveriam dormir ou ficar deitados por cerca de duas horas. Durante a tarde, todos participam de uma segunda reunião antes do horário de dormir. Ainda segundo os relatos, os internos também podiam fumar nas dependências do instituto. O consumo era monitorado e acontecia em momentos específicos do dia. Postagem de rede social da clínica de setembro de 2023 com endereço do local que foi incendiado. Redes sociais/Reprodução Trancados e sob castigos Internos também relataram a aplicação de castigos, quando o paciente se negava a seguir regras da clínica, e períodos que ficaram trancados dentro do instituto. Esses castigos incluíam isolamento dos demais internos, perda da ligação semanal com familiares e perda da visita mensal da família. Alguns relatam ainda terem sofrido agressões. Parte dos pacientes, conforme relatos feitos ao g1 e também investigações da Polícia Civil, apontam que os internos eram diariamente trancados. De acordo com apuração da reportagem, os pacientes mais recentes, os "novatos", e os mais "rebeldes", eram trancados todas as noites antes de dormir para evitar fugas da clínica. Sede da casa de recuperação que pegou fogo no DF tinha portas e janelas trancadas e com grades. CBMDF/Divulgação Sem médicos e monitorados por veteranos Apesar da promessa de médicos e psiquiatras para atendimento dos internos, a presença de profissionais de saúde no Instituto Liberte-se era praticamente nula. Ex-pacientes ouvidos pela reportagem alegam terem tido apenas um atendimento com psiquiatra durante todo período que estiveram na clínica. Outros relataram nunca terem tido contato com um especialista. Por outro lado, o delegado Hugo Maldonado, da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá, aponta que o local não possui médico responsável — como deveria ter de acordo com sua atividade registrada no CNPJ. Devido a isso, Maldonado informou em entrevista ao Fantástico que os donos podem responder por falso exercício da medicina, entre outros crimes. São eles: Exercício ilegal da profissão ou atividade; Exercício ilegal da medicina, porque na clínica deveria haver médicos e nesta clínica não havia; Cárcere privado; Homicídio doloso, quando se assume o risco de causar morte; Lesão corporal; Lesões corporais graves. Durante esse período, o interno era assistido por um "monitor chefe" que, de acordo com relatos, era uma função exercida por pacientes "veteranos" e que tinham a "confiança" dos responsáveis do instituto. Incêndio em casa de recuperação de dependentes químicos no Paranoá. CBMDF/Divulgação Incêndio deixa cinco mortos Um incêndio no local deixou cinco mortos e 11 feridos na madrugada deste domingo (31). A unidade acometida pelas chamas está localizada no Paranoá chácara 420. O fogo começou na sede do instituto, onde estavam cerca de 20 internos. Outros 26 estavam em dormitórios do lado de fora e conseguiram ser salvos. Na sede da clínica, foram localizados cinco corpos carbonizados de homens não identificados. O local estava trancado e com grades nas portas e janelas, o que dificultou a saída dos pacientes. Outras 11 pessoas, com idades entre 21 e 55 anos, ficaram feridas, apresentando queimaduras e intoxicação por fumaça. Elas foram retiradas durante o combate ao fogo e encaminhadas a hospitais do DF. Fogo na casa de recuperação de dependentes químicos foi gravado por vizinhos. Reprodução O que diz o Instituto Terapêutico Liberte-se A direção do Instituto Terapêutico Liberte-se lamenta profundamente o trágico incêndio ocorrido em nossas dependências na madrugada deste domingo (31), que resultou em perdas irreparáveis. Manifestamos nossa solidariedade e consternação às famílias e amigos das vítimas, compartilhando a dor deste momento de imensa tristeza. Informamos que já estamos em contato com as autoridades competentes e colocamo-nos inteiramente à disposição para colaborar com as investigações, fornecendo todas as informações necessárias para esclarecer as circunstâncias do ocorrido. Reiteramos nosso compromisso com a transparência e com a apuração rigorosa dos fatos. LEIA TAMBÉM: PREÇOS ELEVADOS: veja quanto custa comer no Congresso e nos arredores; valor do buffet ultrapassa os R$ 80 SOL NASCENTE: homem é detido após atropelar e matar a própria mãe no D Veja mais notícias sobre a região no g1 DF.

FONTE: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/09/03/sonoterapia-oracoes-e-tarefas-domesticas-veja-como-era-a-rotina-de-pacientes-em-casa-de-recuperacao-que-pegou-fogo-no-df.ghtml


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