Infiltrações, vazamentos, infestação de pragas, elevadores com falhas: como estão os prédios sob risco de desabamento em Fortaleza
26/04/2025
(Foto: Reprodução) Problemas estruturais são alvo de denúncia de moradores que vivem nos locais. Cinco edifícios tiveram notificações por riscos de desabamento entre 2019 e 2024. Moradores denunciam más condições estruturais em prédios de bairros nobres em Fortaleza
Os problemas estruturais em cinco prédios notificados por risco de desabamento em Fortaleza despertam preocupação nos moradores. Dentre as principais queixas, estão os elevadores com falhas frequentes, paredes e tetos com infiltrações, áreas que alagam e infestação de insetos e pragas.
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Entre 2019 e 2024, a Defesa Civil de Fortaleza emitiu notificações por risco de desabamento após vistoria em cinco edifícios administrados pela Construtora e Imobiliária SAD.
Conforme o órgão, nenhum dos casos envolveu risco alto e necessidade de interdição. Desta forma, as vistorias técnicas não apontaram risco de colapso das estruturas como um todo.
Os prédios notificados foram:
Residencial Linhares: Avenida Humberto Monte, 1799 - Bela Vista. Registro de risco de desabamento em 2024.
Edifício Alda Cardoso Linhares: Avenida Rui Barbosa, 2055 - Aldeota. Registro de risco de desabamento em 2024.
Edifício Antônio Cardoso Linhares Neto: Rua Leonardo Mota, 2210 - Dionísio Torres. Registro de risco de desabamento em 2023.
Edifício Luis Linhares II: Rua Padre Valdevino, 1515 - Aldeota. Registro de risco de desabamento em 2023.
Edifício Luís Linhares: Rua Joaquim Alves, 261 - Meireles. Registro de risco de desabamento em 2019.
Prédios sob risco de desabamento em Fortaleza
Arte g1
Os relatos de quem vive nos edifícios apontam problemas graves nos cinco prédios e também em outros administrados pela mesma construtora. A empresa é responsável por pelo menos 13 edifícios.
Situados em bairros nobres da capital, como Aldeota, Meireles, Dionísio Torres e Joaquim Távora, eles seguem com unidades para alugar e contam com taxas condominiais custando, em média, R$ 500.
Inquilinos denunciam negligência
O edifício Alda Cardoso Linhares, no bairro Aldeota, tem gerado diversas reclamações por problemas nos apartamentos e nas áreas comuns. O prédio tem 21 andares e recebeu uma notificação por risco de desabamento em 2024.
Uma das moradoras do prédio, que prefere não ser identificada na reportagem, afirma que os inquilinos reclamam de infiltrações há vários anos. E que a construtora não presta contas pelo valor pago de taxa condominial, que custearia este tipo de reparo.
A personal trainer mora desde 2021 no edifício. Neste período, ela já registrou vários dias em que os elevadores não estavam funcionando. Em conversa com outros vizinhos, eles já chegaram a contabilizar que dez pessoas ficaram presas no elevador em um único dia.
“E como nada aqui presta, a pessoa fica presa, o interfone do elevador não funciona, o celular não pega, não há síndico residente aqui ou porteiro algum. É um completo caos”, comenta.
No apartamento dela, já houve problemas hidráulicos e tomadas que dão choque e explodem, chegando a inutilizar eletrodomésticos.
Outro problema recorrente é a falta de água. Com reparos feitos sem a compra de novos materiais, ela explica que as falhas no abastecimento acabam se repetindo. Os meses chuvosos também trazem transtornos, com alagamentos em áreas como o estacionamento.
Moradores denunciam infiltrações, vazamentos e falhas na manutenção no edifício Alda Cardoso Linhares, na Aldeota
Arquivo Pessoal
Segundo a personal trainer, as falhas na manutenção acarretam riscos à vida dos moradores. Fios desencapados nas áreas comum deixam as pessoas vulneráveis a possíveis choques elétricos.
“Já houve um vazamento fortíssimo de gás aqui, com o cheiro forte sentido por todo o prédio, do estacionamento aos andares mais altos. A síndica se omitiu, dizendo que não era nada, que estava tudo certo. Ela sequer mora aqui. Os moradores tiveram que chamar os bombeiros. Sobra aos moradores resolver tudo: chamar as autoridades, receber as encomendas uns dos outros, zelar pelas áreas comuns”, detalha.
Ela também registra a situação de portas danificadas pela infestação de cupins. Baratas e aranhas também são um problema. A moradora conta que os pedidos feitos para o serviço de dedetização têm sido sempre ignorados.
Outros prédios têm problemas semelhantes
Edifício Antônio Cardoso Linhares Neto é um dos cinco prédios com risco de desabamento notificado em Fortaleza
Thiago Gadelha/SVM
Vazamento de gás, falta de água, infiltrações e problemas nos elevadores também foram relatados por moradores do Edifício Antônio Cardoso Linhares Neto, no bairro Dionísio Torres. O prédio teve notificação por risco de desabamento emitido em 2023.
As reclamações se estendem também aos edifícios da construtora que não estão entre os notificados pela Defesa Civil nos últimos seis anos.
Em fevereiro de 2024, o Corpo de Bombeiros emitiu um Relatório de Irregularidades após vistoria no edifício Gentil Linhares Cardoso, situado no Centro. À época, o laudo apontou que a edificação estava em desacordo com o Código de Segurança contra Incêndio e Pânico do Estado do Ceará.
Dentre os itens verificados, havia extintores de incêndio vencidos ou danificados e escadas sem corrimão.
Edifício Papaitio, no bairro Joaquim Távora, também tem relatos de infiltrações, rachaduras e vazamentos
Arquivo Pessoal
No edifício Papaitio, no bairro Joaquim Távora, imagens compartilhadas com o g1 mostram paredes e tetos com infiltrações, grandes rachaduras e buracos ocasionados por pedaços de forro que já desabaram.
No prédio Vera Cavalcante Linhares, mais registros de condições precárias: água jorrando sobre os carros no estacionamento, áreas alagadas no primeiro andar, pedaços do forro caindo, elevadores com botões faltando, goteiras e vazamentos fazem parte das imagens feitas pelos inquilinos.
O que diz a construtora
Em nota aos moradores, a Construtora e Imobiliária SAD afirma que iniciou, nesta terça-feira (22), um processo de inspeção técnica em suas construções.
“Para isso, realizamos uma criteriosa seleção de engenheiros civis especializados em patologias construtivas, garantindo que as avaliações sejam conduzidas com o mais alto padrão técnico e ético”, diz o texto.
“Informamos que todos os edifícios com alegações de risco estrutural já foram vistoriados por essa equipe. Os relatórios preliminares indicam que não há evidências de risco à segurança estrutural das edificações inspecionadas. Ressaltamos que os laudos técnicos completos serão prontamente encaminhados à Defesa Civil, juntamente com os planos de ação para a correção de eventuais patologias identificadas”, complementa a nota assinada por Antônio Cardoso Linhares, proprietário da empresa.
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